A emoção cresce devagar nos corações dos cerca de 1.300 homens, em meio ao tédio de torturantes dias presos na calmaria da costa africana. De repente, ao amanhecer da “terça- feira das Oitavas de Páscoa”- era 21 de abril-, os marinheiros se agitam nas amuradas: eles notam, na tona d’água, ervas flutuando. São sinais inequívocos de que há terra nas proximidades. No dia seguinte, pela manhã, aves desenham círculos no céu. A excitação a bordo aumenta. No fim da tarde, quando os frades iniciavam as orações das vésperas,”um rasgão no céu trouxe o sol e iluminou a silhueta de um monte que se recortava no horizonte”.
O brado histórico do “terra à vista” ecoou quase ao mesmo tempo em todos os 12 navios. A alegria alastrou-se pelos conveses e chegou aos porões. Até os degradados, criminosos que seriam abandonados em qualquer praia estrangeira, gritavam de alegria. O capitão- mor Pedro Álvares chama para junto de si o escrivão Pero Vaz de Caminha e dita, solene: “ Hoje é 22 de abril de 1500. Estamos em plena semana na Pascoela. O monte vai chamar-se Pascoal, e a terra, Vera Cruz”.
fonte.: Revista Galileu - fevereiro 2000- Texto do livro Nau Capitânia, uma biografia de Cabral- de Walter Galvani.
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