Velha Guarda da Portela

Samba de Raiz - Velha Guarda
É na Velha Guarda que ainda vemos o Samba de raiz, simples e belo.

Homenagem para a Velha Guarda de todas as Escolas de Samba

Tenho muito respeito por todas as expressões artísticas musicais, mas me emociono especialmente com o samba de raiz, que considero a nossa expressão musical mais autêntica.
Lembro do samba no quintal na casa da Tia Irene. Ao som do violão, do pandeiro de couro, do cavaquinho... Adorava ver mamãe e minhas tias sambando graciosas com as mãos nos quadris, enquanto os homens marcavam o ritmo com a palma da mão ou na caixinha de fósforo.
Há! Mãezinha Natalina, Tia Esmeralda, Tia Irene, quanta saudade! A poeira subia...
Só quem curtiu um verdadeiro samba de roda e de terreiro, sabe do que estou falando.
Todo mundo feliz. .. Amizade e alegria eram os temperos mais gostosos da feijoada que perfumava todo o ambiente, feita no fogo de lenha.
Não precisava convite, nem dinheiro, nem luxo. Era só chegar e cair na roda do samba...
Era só prá relaxar... Só diversão...
Oh! Irene bota água no feijão que chegou mais um! Traz pro compadre, aquela água da boa, que passarinho não bebe! Sai de perto do fogo moleque!
Oh! Irene não demora! Osmar vai comprar mais cevada, que meu copo tá vazio!
Não tinha deselegância, não tinha briga... Não tinha espaço para vulgaridade ou para conversa fiada.
As moças sambavam o Miudinho, fazendo charme, mas, sem perder a postura.
Malandro sem noção, não encontrava sucesso com as moças. Os mais velhos o chamavam logo na responsabilidade e o desafinado era convidado para sair de fininho e cantar de galo em outro terreiro.
A música tinha conteúdo, tinha melodia, tinha poesia...
Por tudo isso é emocionante assistir a Velha Guarda das Escolas de Samba. Todas merecem nosso respeito e admiração.
É com a Velha Guarda que consolo a imensa saudade daqueles bons tempos...
É na Velha Guarda que ainda vemos o verdadeiro Samba de Raiz, simples e belo.
Oh! Irene...OH! Irene! Não demora Irene!