14 março, 2012

Dia Nacional da Poesia - 14 de março



O Dia Nacional da Poesia, não por acaso, coincide com a comemoração do nascimento do grande escritor baiano Castro Alves. Poeta do Romantismo, foi autor de belíssimas obras, como o “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes”. Sua arte era movida pelo amor e pela luta por liberdade e justiça.


O que é poesia


Poesia é uma arte literária e, como arte, recria a realidade. O poeta Ferreira Gullar diz que o artista cria um outro mundo “mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata”.
Para outros, a arte literária nem sempre recria. É o caso de Aristóteles, filósofo grego que afirmava que “a arte literária é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra”.
Declamando ou escrevendo, fazer poesia é expressar-se de forma a combinar palavras, mexer com o seu significado, utilizar a estrutura da mensagem. Isto é a função poética.
A poesia sempre se encontra dentro de um contexto cultural e histórico. Os vários estilos poéticos, as fases de cada autor, os acontecimentos da época e tantas outras interferências muitas vezes se misturam à obra e lhe dão novos significados.



Poeta Casimiro de Abreu

Poesia

Deus

Eu me lembro! eu me lembro! - Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno

E eu disse a minha mãe nesse momento:
"Que dura orquestra! Que furor insano!
"Que pode haver maior que o oceano,
"Ou que seja mais forte do que o vento?!"

Minha mãe a sorrir olhou p'r'os céus
E respondeu: - Um Ser que nós não vemos
"É maior do que o mar que nós tememos,
"Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus!"




Casimiro de Abreu (1839-1860) Nasceu na Fazenda Indaiaçu, Rio de Janeiro, filho de um rico comerciante português e de uma brasileira. Em 1853, interrompeu os estudos e viajou a Portugal para se dedicar aos negócios junto ao pai. Lá, fez certo sucesso com uma peça teatral, quando tinha apenas 17 anos. Precoce, fez amizade com grandes nomes do Romantismo português. De volta ao Brasil, publicou o seu único livro de poesias, As Primaveras, às custas do apoio financeiro paterno. Morreu aos 21 anos vítima de tuberculose.




Poeta Gonçalves Dias
Poesia


Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.




Gonçalves Dias (1823-1864)-Nasceu em Caxias, no Maranhão, filho de pai português e mãe mestiça de índios e negros. Estudou em Portugal e, de volta ao Brasil, em 1847, publicou o livro Primeiros cantos, conquistando a admiração de Dom Pedro II e um cargo público. Em 1962, foi à Europa tratar sua tuberculose. Durante a viagem de retorno, o navio naufragou. Salvaram-se todos menos o poeta. Alguns versos de A Canção do Exílio fazem parte do Hino Nacional brasileiro


Autoria e fonte dos textos e poesias: Livro Na Boca do Povo-Poesias da Memória Brasileira-Coleção Palavra da Gente Vol. 4-Ministério da Educação

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