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15 janeiro, 2012
VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS
http://drauziovarella.com.br
Parte da Entrevista com o tema: Consequências médicas da violência, feita entre Dr. Drauzio Varela e a Dra. Júlia Greve que é médica fisiatra. Trabalha no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Acredita-se haver três grupos de crianças que correm risco maior de se tornarem violentas no futuro:
Discute-se muito sobre a possibilidade de algumas pessoas estarem mais sujeitas a desenvolver comportamentos violentos. O assunto é polêmico. Sob o ponto de vista estritamente científico, porém, acredita-se haver três grupos de crianças que correm risco maior de se tornarem violentas no futuro:
a) crianças que sofreram abusos ou que não receberam carinho dos pais na primeira infância;
b) adolescentes criados sem limites nem princípios morais e éticos;
c) adolescentes que conviveram e/ou convivem com adolescentes e adultos violentos.
Atos de violência chocam no momento que acontecem. Depois, caem no esquecimento ou são substituídos por outras ocorrências trágicas e raramente se ouve falar a respeito das consequências médicas e das sequelas, muitas vezes irreversíveis, que acometem as vítimas dessa epidemia contagiosa que se alastra principalmente nos grandes centros urbanos.
Drauzio – E em relação às crianças pequenas?
Julia Greve – Em relação às crianças pequenas, evidentemente o número é menor, mas mesmo assim é assustador. É enorme a quantidade de crianças atingidas por bala perdida, por violência doméstica ou agressão interpessoal, porque elas moram em ambientes onde são comuns os acertos de conta entre gangues comprometidas com o tráfico de drogas.
Mais grave, ainda, é o caso de crianças de 10, 12 anos vítimas de atos violentos não por acaso, mas porque estavam pessoalmente envolvidas com o processo de violência desde muito cedo. Não foi uma bala perdida que as atingiu. Elas faziam parte do grupo envolvido na confusão.
Drauzio – No caso específico da violência doméstica contra crianças, sua impressão é que o número de casos está aumentando?
Julia Greve – Não conheço estatística segura sobre o assunto, mas tenho a impressão de que há um aumento significativo desses casos. Aparentemente, o fato de ter crescido o número de separações e existirem famílias compostas por pais e mães que não são os de sangue tem pesado no universo da violência doméstica contra criança.
Na verdade, alguns estudos mostram dados alarmantes e crescentes em relação a esse tipo de violência. Apesar de nas classes sociais mais baixas os casos serem mais expostos, o problema não é exclusivo dessa camada social, só que nas outras ocorre de forma mais camuflada.
Drauzio – Com que ferimentos essas crianças costumam chegar ao pronto-socorro?
Julia Greve – As crianças com síndrome de espancamento chegam geralmente com lesões ósseas, com fraturas múltiplas. Percebe-se, ainda, a existência de calos ósseos indicativos de fraturas anteriores em fase de cicatrização. Em relação à violência doméstica, são mais lesões musculoesqueléticas do que lesões neurológicas.
Sob o ponto de vista físico, essas fraturas costumam não deixar sequelas, embora as sequelas psicológicas, sabe-se lá quais serão. Traumas de crânio são mais raros em crianças espancadas, mas ocorrem quando elas são arremessadas pelos adultos.
Drauzio – Quem costuma ser o autor desse tipo de violência?
Julia Greve – Os familiares mais próximos.
Leia na íntegra esta importante entrevista sobre as consequências médicas da violência urbana em http://drauziovarella.com.br/wiki-saude/consequencias-medicas-da-violencia-urbana/
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