14 julho, 2011



Euclides da Cunha – Escritor Brasileiro
Riqueza Nacional


Conheça o Escritor Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões"



Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), em 20 de janeiro de 1866 e morreu neste mesmo estado, em 1909, aos 43 anos de idade. Foi engenheiro, jornalista, professor, ensaísta, historiador, sociólogo e poeta. Ainda jovem, adotou idéias abolicionistas e republicanas.

Seu imenso talento literário não passava desapercebido, e, logo recebeu um convite para ser correspondente do jornal “O Estado de S.Paulo”, este fato ocorreu durante o período da Guerra de Canudos. Como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, acompanhou a campanha contra o movimento do beato Antônio Conselheiro em Canudos. Posteriormente, escreveu sobre esta revolta no livro: Os Sertões, obra que atingiu um grande sucesso. Nesta obra ele faz ainda uma análise brilhante da psicologia do sertanejo e de seus costumes.




Principais obras de Euclídes da Cunha

Textos, artigos e livros:




- Em viagem: folhetim. O Democrata, 1884.
- A flor do cárcere. Revista da Família Acadêmica, 1887.
- A Pátria e a Dinastia. A Província de São Paulo,1888.
- Estâncias. Revista da Família Acadêmica, 1888.
- Fazendo versos, 1888.
- Atos e palavras. A Província de São Paulo,1889.
- Da corte. A Província de São Paulo, 1889.
- Divagando. Democracia, 1890.
- O ex-imperador. 1890.
- Da penumbra. 1892.
- A dinamite. Gazeta de Notícias, 1894.
- Anchieta. O Estado de São Paulo,1897.
- Canudos: diário de uma expedição. O Estado de São Paulo, 1897.
- O Argentaurum. O Estado de S. Paulo, 1897.
- O batalhão de São Paulo. 1897.
- O "Brasil mental". O Estado de S. Paulo,1898.
- Fronteira sul do Amazonas. O Estado de S. Paulo, 1898.
- A guerra no sertão 1899.
- As secas do Norte. 1900.
- O Brasil no século XIX. 1901.
- Os Sertões: 1902.
- Ao longo de uma estrada. 1902.
- Olhemos para os sertões. O Estado de São Paulo, 1902.
- A arcádia da Alemanha. 1904.
- Civilização, 1904.
- Conflito inevitável, 1904.
- Um velho problema. 1904.
- Os nossos "autógrafos". Renascença, 1906.
- Contrastes e confrontos. 1907
- Peru 'versus' Bolívia. 1907.
- Castro Alves e seu tempo. 1907.
- Entre os seringais. 1906.
- O valor de um símbolo. 1907.
- Numa volta do passado, 1908.
- A última visita. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 1908.
- Amazônia. Revista Americana, 1909.


O Sertanejo



O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, no primeiro lance de vista, revela o contrário(...). É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasimodo (...) é o homem permanentemente fatigado (...) Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude (...) No revés o homem transfigura-se . (...) e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias."
Trecho do livro "Os Sertões"
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“Estamos condenados à civilização:ou progredimos ou desaparecemos”
Euclides da Cunha



Mapa de Canudos



Euclides da Cunha revelou ao Brasil o que ninguém até então conhecia: que o sertão é um só, uma pátria independente. Canudos é uma síntese perfeita, em escala reduzida, dos aspectos predominantes dos sertões do norte. Os sertões de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí. Mostrou, com isso, que a Guerra de Canudos não foi apenas um acontecimento local, mas um grito de revolta de todo o sertão brasileiro.

O escritor estruturou sua obra em três partes: "A Terra", "O Homem" e " A Luta". Ele só fala do conflito depois de levantar dados geográficos e culturais da região de Canudos e do Brasil. Ainda que o capítulo sobre a luta seja o mais lido e conhecido, a grande contribuição do escritor foi justamente a descrição detalhada que ele fez, em capítulos diferentes, da terra e do homem. O capítulo "A Terra" é um dos mais singulares da prosa brasileira. De forma literária, examina a constituição geográfica do continente americano e da região de Canudos. São estudados o solo, a flora, a fauna e o clima. Euclides da Cunha mostrou que todos os reveses sertanejos estão ligados à terra, desde a opressão semifeudal do latifúndio até a ignorância e o isolamento a que esta parte do Brasil sempre esteve condenada. E evidenciou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. Antes de se transformar no retirante estropiado que abandona a região, o sertanejo encara de frente a fatalidade e reage, numa luta indescritível. Nessa hora ele não é mais o indolente ou o impulsivo violento, mas o herói que tem nos sertões, para todo o sempre perdidas, tragédias espantosas. A princípio ele reza. O seu primeiro amparo é de fé religiosa. Para ele, a seca é uma maldição. Euclides da Cunha apontou a coivara índia - prática de plantio por queimadas, que os sertanejos adotam - como uma das causas daquele deserto. Ali, a dor do homem vem do sofrimento milenar da terra. O escritor deixou registrado que as grandes secas do nordeste obedecem a um ciclo de 9 a 12 anos, desde o século XVIII, numa ordem cabalística. E até hoje esse fenômeno amplia o misticismo do matuto. O sertanejo se sente um abandonado numa terra barbaramente estéril e maravilhosamente exuberante. O escritor verificou estarrecido a transformação daquele deserto medonho nos poucos dias de chuva, quando as matas se cobrem de verde, o mandacaru floresce... e assistiu à transformação de espírito que essa mudança natural provoca na alma do sertanejo. O homem fechado e taciturno, seco como sua terra, transfigura-se em risos e comemorações. O sertão entra em festa.



O Sertanejo



O sertão, com seus ventos bíblicos, calmarias pesadas e noites frias, impressiona. Cortado por veredas e árvores retorcidas em desespero, todo ele são monótonos caminhos de caatingas e areais ressequidos. As "pueiras", lagoas mortas, de aspectos lúgubres, são o único oásis do sertanejo. A serra de Monte Santo, com seus tons azulados, é uma cortina de muralha monumental. As conformações rochosas, no ermo vazio do Bendegó, dão a ilusão de ruínas antigas. Os grandes desmoronamentos rochosos do sertão lembram "mares de pedras". Os rios salgados, quando secam, parecem um fundo de mar extinto, uma impressão acentuada pelos fenômenos ópticos do calor. Isso reforça a mítica sertaneja de que "um dia o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão".

No sertão, a começar pelo solo e clima, tudo é adverso. O sertanejo sobrevive porque é uma raça forte. Assim como o cacto mais resistente, ele foi feito para o sertão. Tem o pêlo, o corpo e a psicologia próprios para suportar o suplício da seca. Conhece profundamente a flora e fauna.




Cactos


Sabe o nome e as vantagens de cada cacto, de cada mandacaru, de cada xiquexique. Seus pássaros: o carcará, o acauã... a asa branca. E a natureza que ele tanto ama é sua aliada na luta pela sobrevivência. Desidratado como as plantas, consegue viver dias só com o trivial e um copo d'água. E ama o sertão. Não se habitua a outro lugar. O sertão o destrói e hipnotiza. É o homem rude e sereno acostumado desde muito novo com a morte. Um resistente num lugar onde quase só existe deserto e onde a água é uma miragem.





Fonte: Leia sobre Euclides da Cunha e sobre o livro Sertões em: em http://www2.tvcultura.com.br/aloescola/estudosbrasileiros/sertoes/sertoes2.htm

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