20 novembro, 2010

20 de novembro- Homenagem a Zumbi dos Palmares


Zumbi dos Palmares


Zumbi está morto? A pergunta como vendaval, varreu as vilas e povoações de Pernambuco, espalhou-se pelos engenhos de cana, entrou nas fazendas do interior das capitanias e chegou até terras mais longínquas onde negros fugidos viviam em pequenos grupos.
Os fazendeiros, satisfeitos, queriam a confirmação da notícia. A morte de Zumbi poria fim à luta. Estaria afinal destruído o grande reino negro dos Palmares? Se isso fosse verdade, os escravos não teriam mais estímulo par fugir e os senhores de engenho poderiam respirar aliviados.
Os negros e mesmo muitos brancos e índios não acreditavam na morte do Rei zumbi. Não podia ser verdade, Zumbi não era um homem comum e sim o deus da guerra, o mais poderoso dos gênios, irmão do mar. E viera à Terra para chefiar a luta dos negros libertos e dar esperanças aos ainda cativos. Por isso diziam os negros, Zumbi era imortal.


Guerreiro do quilombo






Fonte: capoeira3000 / youtube


Na senzala escura e fria, vive uma esperança



Os escravos tinham três escolhas: a maior parte deles aceitava o destino brutal e trabalhava entre sete e dez anos, até perder a saúde e a força. Alguns procuravam cair nas boas graças do senhor, eram escolhidos para como feitores. Os demais trabalhavam até conseguir escapar da vigilância dos capatazes e fugir para a mata virgem.
Na mesma época em que a princesa negra Aqualtune, teria chegado ao Brasil, cerca de trinta ou quarenta escravos fugidos dos engenhos de Pernambuco chegaram a Serra da Barriga, numa zona afastada do litoral. O solo era fértil, a vegetação abundante. E havia extensos palmeirais. Por isso, os negros que ali se estabeleceram chamaram a região dos Palmares.
Apesar da vigilância constante dos feitores, não era impossível escapar do engenho e afundar na floresta. Mas também não era fácil. Os fazendeiros organizavam expedições de captura, as entradas, que perseguiam os foragidos pela mata. Quando aprisionavam um escravo, mandavam-no de volta ao engenho, onde, além das costumeiras chicotadas, recebia uma canga no pescoço ou ficava preso a troncos de madeira imobilizado.
Em 1602 e 1608, duas entradas sob o comando de Bartolomeu Bezerra, chegaram à Serra da Barriga, sem conseguir localizar os trinta ou quarenta negros na mata fechada.
Mesmo com toda a violência que empregavam, as entradas eram insuficientes para impedir a fuga dos escravos. Centenas e centenas de negros buscavam o refúgio das florestas. Os grupamentos de fugitivos já então conhecidos como quilombos, espalharam-se pelo Nordeste e entraram pelo Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Em Palmares a população era, a princípio somente masculina. Vivia da coleta de alimentos, pois a região fornecia toda espécie de frutas: jaca, laranja, melancia, ananás, manga, banana, goiaba, coco e muitas outras. Além de raízes comestíveis. E Conseguiam carne fazendo armadilhas e alçapões, à maneira africana.
Mas Palmares não passava de um simples refúgio dentro da mata virgem, onde se erguiam choupanas.



Silêncio! Está nascendo um deus negro



Palmares cresce sem parar, suas lavouras e mocambos chegam a cobrir quase todo o atual Estado de Alagoas, além de parte de Pernambuco e Sergipe.
A partir das lutas com os holandeses, o destino do grande quilombo aparece sempre ligado à família da Princesa Aqualtune. Dois de seus filhos: Ganga Zumba e Gana Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes. O mais provável é que tenham herdado seus postos. Como entre algumas tribos africanas a sucessão não se fazia de pai para filho e sim de tio para sobrinho, Ganga Zumba e Gana Zona devem ter substituído algum irmão de Aqualtune, do qual nenhum registro se pôde até hoje encontrar.
Mas Aqualtune também tivera filhas e uma delas deu-lhe o um neto, nascido quando Palmares esperava um ataque holandês. Por isso os negros cantaram e rezaram muito, pedindo aos deuses que o sobrinho de Ganga Zumba, e portanto seu herdeiro, crescesse bravo e forte. E para sensibilizar o deus da guerra, deram o nome: Zumbi.
A criança nasceu livre e passou sua infância ao lado do irmão, Andalaquituche, em pescarias, caçadas e brincadeiras ao longo dos caminhos camuflados que ligavam os mocambos entre si. Garoto ainda, Zumbi conhecia Palmares inteiro, suas árvores, seus rios, plantações e aldeias. Embora tenha nascido livre, Zumbi foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a auxiliar o padre na celebração da missa. Com 15 anos de idade, voltou para viver no Quilombo.

Em de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi luta como um grande guerreiro. Após a batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as tropas do governo. Durante seu “governo” a população do quilombo cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.

O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares.
A luta chegava ao fim, depois de um cerco de três anos e de uma batalha de 22 dias. Os homens de Jorge Velho passaram a destruir os últimos mocambos, sempre procurando Zumbi, mas sem conseguir capturá-lo.
Mesmo ferido, Zumbi consegue fugir, porém, um ano e alguns meses depois é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante André Furtado de Mendonça.
Zumbi foi encontrado, surpreendido e cercado na companhia de 20 homens. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.
Porém por mais que espalhassem a notícia, milhares de escravos, nas suas senzalas, jamais acreditaram no que ouviam. Zumbi morto? Impossível. Um deus da Guerra
não pode morrer. E do fundo das noites cantavam para dar mais força e vigor ao rei de palmares. _ Zumbi, Zumbi, oia Zumbi!

O dia da morte de Zumbi, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo Brasil como o Dia da Consciência Negra.
Zumbi é considerado um dos grandes líderes e herói de nossa história.
Fonte: Enciclopédia Grandes Personagens da Nossa História- Editora Abril Cultural


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